O Inventário das Áreas Úmidas Brasileiras será lançado em Cuiabá durante o V Congresso Brasileiro de Áreas Úmidas
, que acontecerá entre os dias 16 e 18 de outubro no auditório do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), no campus da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso). O tema central do congresso, "O Destino das Áreas Úmidas no Antropoceno: Impactos Humanos em Tempos de Crise Climática", reflete a urgência da discussão sobre a preservação desses ecossistemas diante das mudanças climáticas.
O lançamento do e-book "Inventário das Áreas Úmidas Brasileiras: Distribuição, ecologia, manejo, ameaças e lacunas de conhecimento" será um dos destaques da programação. O livro, fruto do trabalho de 95 pesquisadores de diversas regiões do Brasil, reúne uma ampla classificação e mapeamento dessas áreas, com informações sobre sua ecologia, ameaças e os desafios para seu manejo. Segundo a professora-doutora da UFMT, Cátia Nunes da Cunha, uma das coordenadoras da obra, o e-book oferece um conhecimento essencial para pesquisadores, gestores e tomadores de decisão. "Esse ecossistema é vital para manter nossa vida, nossa economia e nossa biodiversidade", ressalta a ecóloga.
As áreas úmidas desempenham um papel fundamental no equilíbrio do ciclo hidrológico, especialmente em tempos de extremos climáticos como secas severas e inundações. Sua proteção é essencial para garantir a estabilidade da nossa água, a conservação da biodiversidade e a saúde dos ecossistemas e da nossa economia. O inventário será uma ferramenta indispensável na criação de políticas públicas, legislação adequada e no manejo sustentável dessas áreas no Brasil, organizando de forma científica e detalhada a classificação, tipologia e localização das áreas úmidas em todo o território nacional.
Esse esforço colaborativo trouxe à luz diversas tipologias de áreas úmidas que, até então, eram pouco conhecidas ou mal documentadas, representando um avanço significativo no conhecimento científico. Além de descrever essas tipologias, o inventário elenca os principais problemas enfrentados por cada área, destacando as lacunas de conhecimento e as necessidades urgentes de ação para sua proteção. "Protegendo as áreas úmidas, estamos protegendo nossos recursos hídricos", destaca a Dra. Cátia.
A professora-doutora também explica a importância de uma definição científica precisa para que essas áreas sejam devidamente reconhecidas pelas políticas públicas e pela legislação ambiental. Por exemplo, o Pantanal é considerado uma área úmida pelo Código Florestal, mas regiões como o Araguaia e o Guaporé, que compartilham da mesma tipologia, não têm o mesmo status de proteção. "No atual Código Florestal, a definição de áreas úmidas está muito limitada. Poucos tipos são citados, como o Pantanal, as várzeas, nascentes e mangues. A inclusão de certas áreas no Código foi muito influenciada pelo conhecimento que os políticos tinham sobre elas na época", explica a ecóloga.
Essa disparidade no reconhecimento de áreas com características semelhantes revela a necessidade urgente de uma reformulação séria e responsável das políticas ambientais no Brasil. O inventário, com seu vasto conhecimento científico, será essencial para embasar essas futuras decisões, protegendo não só as áreas úmidas, mas também o equilíbrio ecológico e os recursos hídricos do país.
Proteção e Manejo das Áreas Úmidas
As áreas úmidas possuem papel fundamental na manutenção da biodiversidade e para regulação do clima. A professora destaca que nenhuma área é mais importante que outra, sendo necessário traçar o manejo adequado para cada uma. "O Pantanal é mais importante que o Guaporé ou o Araguaia? Não. Todos tem sua importância. É necessário traçar o manejo adequado, o uso adequado. Ninguém está dizendo para não usar, mas tem que usar de forma adequada, sustentável".
Entre os processos de manejo errado dessas áreas está a drenagem. "Não pode drenar, esse é o grande problema. A ciência diz o que não pode ser feito nas áreas, mas é uma prerrogativa do empresário definir o que vai fazer. O empresário poder ter mil ideias, cabe a ele ajustar o seu empreendimento aos critérios do que não pode se quebrado naquele bioma. Seria muito pouco ético a gente (ciência) determinar o que poder fazer ou não no local. Nós dizemos, essa área precisa ser protegida por essas razões. O inventário é o roteiro para que o Brasil e os estados adotem para o manejo desse recurso hídrico, porque diante dos cenários extremos de seca, as áreas úmidas são vitais".
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