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Existem várias atividades econômicas que podem contribuir para o manejo sustentável do Pantanal mato-grossense, tais como a pecuária em escala extensiva, o eco-turismo e a pesca. Porém, apesar da existência de grupos de pesquisa que tratam destes assuntos, outras áreas necessitam de estudos adicionais, porque além do potencial para o manejo sustentável da área, ainda guardam interesse econômico e cultural, sendo insuficientemente explorada. De fato, a “modernização” da ocupação do espaço e da agricultura vem descaracterizando as culturas tradicionais do Pantanal, seja pela introdução de populações oriundas de outras regiões, seja pelo desinteresse dos jovens locais pela preservação da cultura dos seus ancestrais. Esse processo associado às ameaças que a biodiversidade vem sofrendo nos últimos anos em função dos processos econômicos e, mais recentemente, pelo processo de mudanças climáticas, torna urgente a realização de projetos de pesquisa visando a comprovação científica dos riquíssimos conhecimentos tradicionais da região associados ao uso econômico e medicinal dos elementos da biodiversidade regional. Nesse sentido, a bioprospecção de novos agentes terapêuticos constitui importante eixo temático que envolve a identificação de novas fontes naturais de moléculas, do uso racional do bioma e da conscientização ambiental. As espécies vegetais possuem um valor inestimável, no qual as plantas destacam-se historicamente, mas, também com crescente uso de animais, fungos e bactérias para usos medicinais. Os estudos químicos e farmacológicos são escassos e na maioria das vezes isolados, não representando a real dimensão do potencial biotecnológico dessas regiões. Apesar de outras nações consideradas líderes econômicos mundiais já apresentarem amplo domínio em bioensaios para triagem de novas substâncias bioativas, faltam-lhes muitas vezes a rica, extensa e inexplorada biodiversidade presente em países da América do Sul, em especial no Brasil.

Uma outra área, que necessita estudos adicionais, é a limpeza de campo de espécies lenhosas invasoras, para manter áreas de pastos naturais à disposição dos fazendeiros. Vários estudos sobre este problema já foram realizados no INAU I. Mostrou-se, porém, que o problema é muito mais complexo, do que o esperado. Em muitos casos, a erradicação de uma espécie invasora resultou na entrada de outra, o que fez os sistemas de controle pouco efetivos. Faltam mais alguns estudos para chegar a conclusões definitivas.

Por causa da sua longevidade e do valor comercial de sua madeira, árvores pertencem ao grupo de organismos ameaçados no Pantanal. Além disso, através delas se pode ter o registro do clima passado, o que pode possibilitar um melhor entendimento dos impactos das mudanças climáticas, previstas para o futuro. Há alguns anos, uma rede de institutos está se estabelecendo, com o objetivo de realizar estudos dendrocronológicos e dendroclimáticos. O INAU I já fez parte desta rede e o INAU II pretende participar com um projeto que reflete o estado da arte desta linha inovadora de pesquisas no Brasil.

Apesar dos problemas ecológicos, envolvidos no manejo sustentável do Pantanal, existem múltiplos interesses econômicos e políticos, que afetam a área. Estes interesses podem ter um impacto muito grande, porque podem criar o panorama que permite atividades humanas, que são danosas para o ecossistema inteiro ou partes importantes dele. Necessita-se o acompanhamento das atividades econômicas e políticas por cientistas experientes, para aconselhar os tomadores de decisão, evitando desta forma decisões erradas, que a médio e longo prazo não somente custam caro para a integridade ecológica do Pantanal, mas também criam prejuízos econômicos e sociais para a sociedade.

Projetos:

Bioprospecção 

Limpeza de Campo: Manejo Sustentável de Pastos para a Criação de Gado no Pantanal
 

Dendrocronologia

Legislação Ambiental e Políticas Públicas no Pantanal